quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A ALEGORIA DO PATRIMÔNIO - Parte 1

Patrimônio, na origem, é uma palavra ligada as estruturas familiares, econômicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no espaço e no tempo, e pode estar associada a origens genéticas, naturais, históricas, etc. Mas o que interessa, aqui, é o patrimônio histórico, cuja expressão indica um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias, constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por seu passado comum.

Entre todos os bens que englobam essa importante expressão, o patrimônio histórico representado pelas edificações é aquele que mais se relaciona com a vida de todos. A partir da década de 1960 os monumentos históricos representam parte de uma herança que não para de crescer com a inclusão de novos tipos de bens e com o alargamento do quadro cronológico e das áreas geológicas no interior das quais esses bens se inscrevem.O domínio patrimonial não se limita apenas aos edifícios individuais (igrejas, castelos, etc.); ele agora também compreende o entorno urbano e as edificações que os cercam.

Hoje existem Comissões dos Monumentos Históricos, primeiramente criada na França, que estabeleceram critérios e uma tipologia para não deixar escapar nenhum testemunho historicamente significativo, já que muitos monumentos foram demolidos ao decorrer dos anos. Essa medida proporcionou uma melhor noção de monumento histórico e as práticas de conservação que lhe são associadas. Contudo, o entendimento das práticas de conservação não deixam de apresentar algumas contradições. A melhor qualificação do monumento começa a provocar inquietação e trouxeram efeitos negativos do turismo, Florença é um exemplo, custo de manutenção, inadequação aos usos atuais e paralisação de outros grandes projetos de organização do espaço urbano são outros problemas causados pela conservação dos monumentos históricos. Além disso, menciona-se inovar e a filosofia da destruição que, ao longo dos anos, fizeram novos monumentos sucederem os antigos. Na França, a tradição de destruição construtiva e de modernização, dão provas a essas modificações, servindo atualmente de justificativa a grande número de autoridades para sua oposição aos pareceres dos arquitetos dos edifícios franceses, das Comissões dos Monumentos Históricos e dos setores sob proteção do Estado.

Os arquitetos invocam o direito dos artistas a criação, desejando marcar o espaço com suas obras e defendem que ao longo dos anos os estilos também coexistiram justapostos e articulados, numa mesma cidade ou num mesmo edifício. Os proprietários, por sua vez, reivindicam o direito de dispor livremente de seus bens para deles tirar o prazer ou o proveito que bem entendam. Contudo, as ameaças constantes que pesam sobre o patrimônio não impedem um amplo consenso em favor de sua conservação e de sua proteção, que são oficialmente defendidas em nome dos valores científicos, estéticos, memoriais, sociais e urbanos, representados por esse patrimônio nas sociedades industriais avançadas.