Do alto das colinas que cercam a cidade de Congonhas, a visão é bastante nítida: no fim da tarde, quando um vento forte sopra, ergue-se uma grande nuvem escura da área escavada da mina Casa de Pedra e, em poucos minutos, a sombra de minério cobre a cidade. A ampliação da mina, Casa de Pedra, da CSN, onde se extrai ferro com altíssimo teor de pureza, é apenas um dos muitos investimentos programados para a região do Alto Paraopeba, que em médio prazo devem tornar a área de cinco municípios a cerca de cem quilômetros de Belo Horizonte no principal polo minerador e no segundo polo siderúrgico do Estado.
A CSN capitaneia investimentos em mineração e em siderurgia na área, mas está longe de ser a única investidora. Em busca de um sócio estratégico, a Ferrous Resources, começará a extrair minério de ferro da mina Viga, também em Congonhas.
A soma de todos os investimentos, tanto os projetados quanto os que já estão em curso, se aproxima de R$ 20 bilhões. Os impactos não serão pequenos. Um estudo realizado pela UFMG estimou um crescimento populacional de 70% em 15 anos, com a população somada passando do patamar de 200 mil para mais de 300 mil habitantes. Só o complexo siderúrgico da CSN, caso saia do papel, deverá ter cerca de 10 mil trabalhadores, entre diretos e indiretos. Os primeiros efeitos já são sentidos no aumento de oferta de emprego e na especulação imobiliária.
“A poluição provocada pela extração é o maior problema. Mas nós topamos o ônus da mineração e da sobrecarga sobre a infraestrutura, diante do bônus da industrialização”, comentou o prefeito Anderson Cabido, de Congonhas, cidade que concentra a maior parte dos investimentos projetados. Ele teme que o mercado de minério aquecido leve a CSN a retardar os investimentos em siderurgia. De acordo com a siderúrgica, outra empresa foi contratada especificamente para analisar a origem da poeira que cobre a cidade e propor um plano de ação. Segundo a empresa, o plano de construir uma usina em Congonhas está mantido.
Para atender a esse grande afluxo, que inclui não apenas população, mas dezenas de carretas passando pela rodovia e composições ferroviárias na metade do tempo atual abarrotadas de minério, todo o esforço das prefeituras será pouco, de acordo com Cabido. “Temos várias parcerias com o setor privado e com os governos do Estado e federal, mas nada que se aproxime da realidade que se avizinha. Seriam necessários R$ 3,5 bilhões em investimentos, sobretudo, em logística de transporte e habitação. Não há esse dinheiro”, disse.
Congonhas ainda sofrerá grandes reformas estruturais e só resta à população esperar por todos os acontecimentos e, talvez, futuros problemas.
Fonte: http://massote.pro.br, Grupo Rede Congonhas.
Por: Elizane Reis
Nenhum comentário:
Postar um comentário