terça-feira, 30 de agosto de 2011

Passado invade o presente

A concepção urbana contemporânea não foge muito dos aspectos apontados por Maria Stella Bresciani, em LONDRES E PARIS NO SÉCULO XIX. Com o passar das décadas e séculos o espaço da cidade é transformado de acordo com o que o capitalismo e o estado exigem a fim de manipular a cidade urbana e a produção do espaço controlado. O fato é que muitas vezes as políticas implantadas não conseguem atingir de maneira satisfatória todas as classes sociais, e desta maneira as classes mais pobres acabam por se sentir excluídas das políticas urbanas.
Desde os bairros pobres de Londres e Paris do século XIX até as favelas no Brasil no século XXI a pressão de pensamento sob essas pessoas menos favorecidas de que elas estão sendo enganadas pela sociedade enriquecida e pelas políticas urbanas gera um descontentamento geral levando a insatisfação e a revolta. Dessa maneira, excluída do mercado de trabalho, cada vez mais exigente, esse população se marginaliza e, com o tempo, tende a se revoltar.
As revoltas de Londres na metade do século XIX não fogem muito das revoltas do século XXI. Antes, a Revolução Industrial foi o acontecimento que trouxe várias transformações no padrão de produção, qualificação de trabalho e mudanças nas cobranças e formas de trabalho e, hoje, é a Revolução Tecnológica que traz as mesmas mudanças só que em aspectos e amplitudes diferentes. O problema é que o desenvolvimento dos meios de produção não e acompanhado do desenvolvimento da qualificação da mão de obra do trabalhador, e, assim, esse é expulso do meio ao qual ele não se encaixa mais. O descontentamento da classe pobre, discriminada, é um fator determinante para que essa multidão organize jornadas revolucionárias.
Os conflitos de Rua em Londres em Agosto neste ano de 2011 é um exemplo que as revoltas se entendem por séculos. Os incidentes são imitações de atividades criminosas, que começaram após um protesto pela morte de Mark Duggan, 29. A vítima seria pai de quatro filhos e popular na comunidade em que vivia. A onda de violência atingiu Londres durante três dias. Jovens saquearam lojas, agrediram policiais e colocaram fogo em veículos e prédios, levantando questionamentos sobre a segurança antes dos jogos olímpicos de 2012. Isso reafirma o quanto essa parte da população já estava asfixiada por não se sentir amparada pelas políticas locais e encontraram uma maneira para serem “vistas” pelo parlamento londrino que devem discutir medidas para acalmar essa massa da população.

Mapa mostra locais com tumulto em Londres:

Editoria de Arte/Folhapress




Exemplo que esses conflitos sociais são antigos, as cenas em Tottenham evocaram memórias de severos conflitos que causaram estádio de sítio em Broadwater Farm, em 1985, quando uma mulher foi morta após a polícia atacar a sua casa.
Um quarto de século depois, com a economia britânica crescendo pouco e com cortes governamentais nos gastos públicos atingindo áreas de alto desemprego, como Tottenham, alguns moradores dizem que viram a semente de mais distúrbios.
Osagyefo Tongogara, um ativista comunitário que estava em Tottenham durante os conflitos de Broadwater Farm, disse: "Há muitos paralelos com 1985. Eu não chamo isto de conflito, chamo de rebelião."
Não há como responder de quem é a culpa por esses conflitos urbanos, talvez não seja uma pessoas específica, mas o ideal que carrega as políticas atuais e essas planejam de maneira incorreta o espaço urbano das cidades.


FONTE: BRESCIANI, Maria Stella. Londres e Paris no Século XIX, o espetáculo da pobreza. Editora: Brasiliense

Nenhum comentário:

Postar um comentário