terça-feira, 30 de agosto de 2011

Passado invade o presente

A concepção urbana contemporânea não foge muito dos aspectos apontados por Maria Stella Bresciani, em LONDRES E PARIS NO SÉCULO XIX. Com o passar das décadas e séculos o espaço da cidade é transformado de acordo com o que o capitalismo e o estado exigem a fim de manipular a cidade urbana e a produção do espaço controlado. O fato é que muitas vezes as políticas implantadas não conseguem atingir de maneira satisfatória todas as classes sociais, e desta maneira as classes mais pobres acabam por se sentir excluídas das políticas urbanas.
Desde os bairros pobres de Londres e Paris do século XIX até as favelas no Brasil no século XXI a pressão de pensamento sob essas pessoas menos favorecidas de que elas estão sendo enganadas pela sociedade enriquecida e pelas políticas urbanas gera um descontentamento geral levando a insatisfação e a revolta. Dessa maneira, excluída do mercado de trabalho, cada vez mais exigente, esse população se marginaliza e, com o tempo, tende a se revoltar.
As revoltas de Londres na metade do século XIX não fogem muito das revoltas do século XXI. Antes, a Revolução Industrial foi o acontecimento que trouxe várias transformações no padrão de produção, qualificação de trabalho e mudanças nas cobranças e formas de trabalho e, hoje, é a Revolução Tecnológica que traz as mesmas mudanças só que em aspectos e amplitudes diferentes. O problema é que o desenvolvimento dos meios de produção não e acompanhado do desenvolvimento da qualificação da mão de obra do trabalhador, e, assim, esse é expulso do meio ao qual ele não se encaixa mais. O descontentamento da classe pobre, discriminada, é um fator determinante para que essa multidão organize jornadas revolucionárias.
Os conflitos de Rua em Londres em Agosto neste ano de 2011 é um exemplo que as revoltas se entendem por séculos. Os incidentes são imitações de atividades criminosas, que começaram após um protesto pela morte de Mark Duggan, 29. A vítima seria pai de quatro filhos e popular na comunidade em que vivia. A onda de violência atingiu Londres durante três dias. Jovens saquearam lojas, agrediram policiais e colocaram fogo em veículos e prédios, levantando questionamentos sobre a segurança antes dos jogos olímpicos de 2012. Isso reafirma o quanto essa parte da população já estava asfixiada por não se sentir amparada pelas políticas locais e encontraram uma maneira para serem “vistas” pelo parlamento londrino que devem discutir medidas para acalmar essa massa da população.

Mapa mostra locais com tumulto em Londres:

Editoria de Arte/Folhapress




Exemplo que esses conflitos sociais são antigos, as cenas em Tottenham evocaram memórias de severos conflitos que causaram estádio de sítio em Broadwater Farm, em 1985, quando uma mulher foi morta após a polícia atacar a sua casa.
Um quarto de século depois, com a economia britânica crescendo pouco e com cortes governamentais nos gastos públicos atingindo áreas de alto desemprego, como Tottenham, alguns moradores dizem que viram a semente de mais distúrbios.
Osagyefo Tongogara, um ativista comunitário que estava em Tottenham durante os conflitos de Broadwater Farm, disse: "Há muitos paralelos com 1985. Eu não chamo isto de conflito, chamo de rebelião."
Não há como responder de quem é a culpa por esses conflitos urbanos, talvez não seja uma pessoas específica, mas o ideal que carrega as políticas atuais e essas planejam de maneira incorreta o espaço urbano das cidades.


FONTE: BRESCIANI, Maria Stella. Londres e Paris no Século XIX, o espetáculo da pobreza. Editora: Brasiliense

Londres e Paris no século XIX

De acordo com o texto de Maria Stella Bresciani, LONDRES E PARIS NO SÉCULO XIX, a multidão presente nas grandes cidades de hoje está ligada às pessoas se deslocando para desempenhar seu papel no espetáculo da vida cotidiana. É necessário ter o olhar apurado para entender o espaço, as instituições, leis, mecanismos de gestão que levam a comunidade a agir de certo modo na época atual, com toda a multiplicidade de tempos e processos sócio-espaciais manifestados nas grandes cidades.

O acaso é a incerteza do que se pode acontecer e encontrar nas ruas desses centros urbanos. Paris na metade do século XIX configura um espetáculo diurno, em que a multidão trabalhadora forma uma predominante cena urbana. Os personagens da noite são outros, de criminosos até prostitutas à noite na metrópole francesa tornam o acaso temeroso e assustador.

“Viver numa grande cidade implica o reconhecimento de múltiplos sinais. Trata-se de uma atividade do olhar, de uma identificação visual, de um saber adquirido, portanto.” (pag.16)

Londres na metade do século XIX, com dois e meio milhões de habitantes, se mostrava promiscua, diversa e agressiva. Configura-se o fascínio e o medo de uma cidade que pode oferecer diversão e/ou pouca ou nenhuma compaixão. Poucos dias na cidade bastam para perceber o que o crescimento urbano na sociedade londrina causou efeitos devastadores. A indiferença brutal e o isolamento de cada cidadão voltado aos seus interesses estão resultando em guerras sociais abertamente declaradas.

Os bairros ricos de Londres caracterizam-se pela sua centralidade, com ruas largas e bem iluminadas, freqüentadas pela alta sociedade londrina. Já nos bairros pobres se encontram massas de casas de três a quatro andares, construídas sem planejamento, em ruas estreitas, sinuosas e sujas, abrigando parte da população operária. As péssimas condições de moradia e a superpopulação são as duas principais anotações sobre os bairros operários londrinos, levando a uma ameaça social, já que o investimento econômico em melhorias nas condições de vida para esses cidadãos é pequeno. O operário londrino ao tomar consciência da sua situação, e ainda competindo no mercado de trabalho em condições desvantajosas com o imigrante, tende a protestar.

O espantoso crescimento populacional da cidade de Londres não foi acompanhado por um crescimento equivalente das oportunidades de trabalho. A Revolução Industrial trouxe várias transformações no padrão de produção, qualificação de trabalho e mudanças nas cobranças e formas de trabalho. Uma instabilidade no mercado de trabalho acentuou a exploração dos trabalhadores forçando-os a residir nas proximidades do centro para a busca de trabalhos ocasionais extras. Essa superpopulação centralizada, que leva ao deslocamento de bairros, é causa, principalmente, da falta de transporte barato e eficiente, trazendo a essas áreas péssimas condições sanitárias das moradias. O alto nível de desemprego persiste e os desempregados organizados ocasionam tumultos. Londres vai se tornando, portanto, o símbolo das más conseqüências da vida urbana e da industrialização. Nela podem se acomodar desde mendigos ate os esbanjadores de dinheiro.

Assim, Londres se torna o símbolo do resíduo social, onde se encontram os homens que estão “fora da sociedade”.

A população de Londres duplicou entre 1821 e 1851, isso fez com que o espetáculo das ruas tomasse proporções assustadoras. A pobreza escancarada mostra uma assustadora realidade. Na época, homens trabalhadores, pobres e criminosos constituem níveis de uma mesma condição humana. As condições dos operários eram realmente precárias, viviam na incerteza de um salário e isso chamava atenção dos habitantes que reparavam na cena urbana das grandes cidades, como Londres e Paris. Entre os ingleses se computa o custo econômico da miséria, já entres os franceses a preocupação fica na ameaça do que miséria pode causar nas as instituições políticas. Se a política tivesse previsto que, no dia em que a massa dos miseráveis estivesse mais forte do que aquela dos ricos, a sociedade iria se reorganizar de forma diferente, privilegiando a massa que comanda a sociedade urbana, no caso, a classe operária.

A França do século XIX se orgulha da multidão organizada na escala local e só a imagem de algumas jornadas revolucionárias geram temor, já que essas causariam uma desorganização da civilização.

Era possível perceber a asfixia ocasionada pelo ar muito carregado de insatisfação e, isso, introduzia a certeza de que um movimento revolucionário estaria para acontecer.

O que dirige uma sociedade urbana é a questão social e um movimento revolucionário propunha alcançar a Liberdade, Igualdade e Fraternidade, idéia imposta pela Revolução Francesa que, hoje, entende-se que seu acontecimento foi uma necessidade histórica.

A compaixão foi o novo sentimento determinante para o sucesso da revolução e para compreender a mudança na própria concepção do povo, inclusão dos pobres, agora, era um dever político plenamente racional e devia-se formar uma comunhão de interesses para a formação dos novos ideais políticos. Assim, a política passa a ter um compromisso com o povo, sujeito único de sua legitimidade, prevalecendo à vontade geral.

Nisso se contrasta as transformações urbanas e caracteriza a reconversão na época. Estudando e entendendo o desenvolvimento da sociedade ao longo dos anos pode-se compreender que o território projeta aquilo que o social define a ele. Isso é imposto pelas condições históricas do momento, o qual determina o poder absoluto que transforma a comunidade de acordo com aquilo que acredita. Além do mais, manifestações culturais, serviços religiosos, monumentos, trocas no mercado, o amparo e o suporte das vidas cotidianas também são fatores que determinam como um espaço irá se transformar.

O fator histórico determinante para essas mudanças no século XIX foi a Revolução Industrial, que exigiu a construção de indústrias e a mudança no planejamento das cidades, já que a população urbana aumentava cada vez mais e era necessário o investimento em maior infra-estrutura para acompanhar o desenvolvimento urbano. O grande problema foi que a proporção dos acontecimentos em tão pouco tempo não foi acompanhando pelas políticas de transformação das cidades e muitas pessoas, classes pobres, não acompanharam as mudanças. Essas classes são predominantes em número, então elas são os principais personagens que irão determinar o rumo das mudanças urbanas. Como o planejamento urbano não releva isso e não cria maior infra-estrutura para atender as necessidades da população, esta cria o próprio espaço, mesmo que de maneira desorganizada.

A multiplicidade de tempos e processos sócio-espaciais manifestados no entorno das cidades determina a necessidade de certas reconversões que podem ser seguidas ou não.

Por Ana Claudia Irffi e Carla Moreira

FONTE: BRESCIANI, Maria Stella. Londres e Paris no Século XIX, o espetáculo da pobreza. Editora: Brasiliense

Giulio Argan - arquitetura e sociedade

Como base de estudo para o tema trabalhado, Giulio Carlo Argan foi um dos autores a que recorremos. Em seu livro, Projeto e Destino, ele trata de arquitetura e sociedade totalmente entrelaçadas. O tempo todo focado na história e, em como esta interfere e forma o que somos e conhecemos hoje, Argan relaciona momentos históricos ao tipo de construção e uso do espaço. O que nos leva a tratar de reconversão urbana.

Giulio Carlo Argan (1909-1992) - teórico de arte italiano

Ao longo da história, sociedades se formam, se separam; comportamentos se alteram; guerras mudam a dinâmica do mundo. Sendo assim, é natural que, tanto os espaços quanto a forma de lidar com eles não permaneça estática.

No capítulo referente à Arquitetura Moderna na Itália, Giulio Argan contextualiza o momento de transição de estilos de época no período do Facismo. As tensões políticas, econômicas e sociais vividas no país, em contraponto à vontade de de expressar o nacionalismo e a realidade por meio da arte e da arquitetura, pontuaram a década de 1940 italiana. No entanto, embora o clima fosse compartilhado por todos, a arquitetura modera era restrita da vida e do convívio públicos.
Outra questão era o desejo do Estado de mostrar poder e estabilidade por meio das formas aquitetônicas, do que os artistas prontamente discordavam. O sentido do movimento era para o âmbito internacional, não se tratava da criação de um estilo italiano, mas de participar de uma cultura e de uma postura que estava mudando ao redor do mundo - ou pelo menos América e Europa. A cultura do trabalho, da produção, da praticidade. 
  
  vista panorâmica de Milão - Itália

Contudo, nas palavras de Argan, a prova de que o objetivo dos arquitetos italianos foi alcançado, é justamente a dificuldade em identificar arquitetura moderna na Itália, de fato. A nacionalização foi superada pela internacionalização e, assim, o que se pode ver hoje é apenas a atualidade.
    
ARGAN, Giulio Carlo. Projeto e Destino. São Paulo, Ática, 2000. Título original: Proggeto e Destino. Tradução: Marcos Bagno.
 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Desde sempre e até quando? – Parte 2

A segunda cidade em estudo e análise é Florença, localizada na região da Toscana, Itália. Uma cidade muito conhecida e visitada por causa de seus inúmeros e maravilhosos museus e jardins que contam diversas histórias das fases já vividas na Toscana e mesmo na Itália.

“(...) o espaço da cidade tornou-se tanto um produto para ser usado e consumido, como também um meio de produção.” (Rita Velloso)

“(...) dentro da produção capitalista de mercadorias todo e qualquer objeto arquitetônico é um dos resultados dos processos de valorização do capital.” (Rita Velloso)

“A cidade é espaço da história (...)” (Rita Velloso)

Seus inúmeros museus são uma das principais fontes que mantêm viva toda a cultura da cidade/sociedade. São diversos prédios tombados e reformados a fim de manter a história e serem usados como um produto a se consumir, um meio de produção não só de dinheiro, mas valores arquitetônicos que demonstram o valor da cidade.

“(...) incapacidade de compreender o ambiente construído, em contínua transformação, à sua volta “Ser absolutamente moderno tornou-se uma lei especial proclamada pelo tirano””. (Rita Velloso)

Os séculos se passam e a arquitetura se renova, a sociedade evolui, e tudo tende a se modernizar. Não ser moderno, não conhecer a modernidade é algo, hoje, inaceitável perante a sociedade. Lei de tiranos, lei da sociedade.


Por: Elizane Reis através do texto “Espetáculo: Não ótica, mas arquitetura do poder” de Rita Velloso.

Reconversão em Florença – Parte 3

O prédio do Museu Nacional de São Marcos é um antigo convento dominicano do século XIII que foi reconstruído por Michelozzo em meados do século XV, a partir de uma incumbência de Cosme de Médici. Alguns traços, contudo, se conservam de seu desenho primitivo.

Museu de São Marcos

Em 1808 o convento foi expropriado, por força da invasão napoleônica. Devolvido aos monges depois da queda de Napoleão, foi novamente confiscado em 1866 pelo Estado Italiano, num movimento de supressão de ordens religiosas. Entretanto, o conjunto foi declarado monumento nacional e aberto ao público três anos depois. Atualmente parte do edifício é ocupada pelo museu e o claustro interno ainda serve a uma comunidade monástica.
O ambiente mais notável do complexo é, talvez, a grande Biblioteca, com delgadas colunas de sustentação do teto abobadado. A Biblioteca teve grande parte de sua coleção transferida para a Biblioteca Laurenciana no século XIX, mas ainda possui mais de uma centena de livros corais iluminado da Idade Média e do Renascimento, bibliografia de teologia e filosofia, e parte da coleção de Giorgio La Pira.

Biblioteca do Museu de São Marcos 

 Museo di San Marco, Piazza di San Marco, Firenze - Italia

  
Fonte: http://fundacaomaitreya.com ; Wikipédia Enciclopédia Livre.

Por: Elizane Reis

domingo, 28 de agosto de 2011

Desde sempre e até quando? – Parte 1

“Nenhuma grande cidade brasileira escapa a esse destino de exclusão, segregação, e degradação ambiental.” (Ermínia Maricato).
Nos atuais dias é assim que se vive uma cidade, seja ela de que tamanho for. Nossa primeira cidade em estudo e análise é Congonhas, localizada em Minas Gerais. Congonhas vive, hoje, uma fase de exploração de minério, o que vem gerando uma grande degradação ambiental de suas serras. A maior parte da mão de obra das mineradoras é proveniente da cidade, mas até quando? Até quando essa exploração apenas beneficiará o desenvolvimento do município?
“(...) conflito social que surge da tradicional relação entre propriedade, poder político e poder econômico.” (Rita Velloso).
“(...) a cidade é o meio em que o capital descobre o trabalho humano como riqueza.” (Rita Velloso)
“(...) quando o uso, isto é, o valor de uso, é colocado de lado em virtude do valor de troca (...)” (Rita Velloso)
Com as frases acima só comprovamos tudo que tem ocorrido em Congonhas. O poder político por trás de tudo, o pode econômico das grandes minerados e a propriedade cedida para exploração, não pensando diretamente nos habitantes da região. O próprio prefeito da cidade em uma de suas declarações disse que: “A poluição provocada pela extração é o maior problema. Mas nós topamos o ônus da mineração e da sobrecarga sobre a infraestrutura, diante do bônus da industrialização”, o que só mostra que em virtude de valores, o mais importante é o valor da troca. Essa tem sido e ainda será por muito tempo a maior reconversão urbana na cidade de Congonhas, movimentando sua economia, suas estruturas e seus habitantes. Só resta saber até onde essa exploração pode chegar a ponto de não prejudicar a região, seus moradores e o ambiente.
“No uso da cidade por seus habitantes, isto é, na experiência da arquitetura urbana desempenhada por homens e mulheres na frequentação dos edifícios, colocam-se as possibilidades de negociação, e o partilhamento de interesses comuns, privados e coletivos. Ocorre que, sendo da ordem do político, o espaço urbano é, por natureza, objeto de estratégias.”
Exploração da Mina Casa de Pedra, com incentivos do Governo.

Por: Elizane Reis através do texto “Espetáculo: Não ótica, mas arquitetura do poder” de Rita Velloso.

Reconversão em Florença - parte 2


Ponte Vecchio

Antigo lugar de venda de carnes e peixes. Hoje,
famosa por ter uma quantidade de lojas (principalmente ourivesarias e joalharias).

Esta ponte do século XV, que passa sobre o Rio Arno, é uma das pontes mais famosas do mundo. É muito antiga e tem visto muitos usos ao longo dos anos. Era comum ver açougues sobre a ponte, mas foram substituídas por joalherias .Em 1593 se instalaram os ourives, dando um ambiente completamente diferente a este local. Uma parte superior da ponte era usada como rota de fuga e um caminho para a classe alta para chegar ao outro lado do rio sem ter que andar entre pessoas comuns.
Acredita-se que tenha sido construída ainda na Roma Antiga e era feita originalmente de madeira. Foi destruída pelas cheias de 1333 e reconstruída em 1345, com projeto da autoria de Taddeo Gaddo.


Veja abaixo algumas fotos da Ponte Vecchio:

Veja um vídeo sobre a Ponte Vecchio:




Fonte: http://www.florenceprints.com;
http://www.flickr.com/photos/joaoleitao;

http://www.joaoleitao.com/viagens

Florença


  • Florença é a capital da Toscana e também conhecida como o berço do renascimento na Itália. Parecendo um verdadeiro museu a céu aberto, possui presença marcada por gênios das artes, como Michelangelo, Donatello, Leonardo da Vinci e Boticcelli, além de Nicolau Maquiavel e Dante Alighieri no campo literário.
  • Devido à crescente população de jovens estudantes, a cidade florentina ganhou brilho contemporâneo. Isso se refletiu em novas lojas, restaurantes, bares, locais públicos reformados e dando novos usos aos locais dessa bela cidade. Firenze, assim chamada pelos italianos , tem se revitalizado, sem perder o charme do passado.

Mapa da Itália - Florença está localizada na região da Toscana:


Mapa da Toscana - Florença é a capital da região:

Mapa de Florença:



" Walter Benjamin, que fez da multidão na literatura do século XIX um tema de estudo, confere ao olhar uma importância decisiva para quem vive nas grandes cidades. O estar submetido a longos trajetos pelas ruas, apé ou dentro de meio de transportes coletivos, impõe aos olhos a atividade de observar coisas e pessoas.."

Maria Stella Martins Bresciani - Londres e Paris no século XIX

"Para andar em Florença é preciso apenas olhos abertos e uma disposição de caminhar e parar a cada instante para observar as maravilhas da cidade "
Maria José Vellozo Lucas.

Em qualquer que seja a cidade o olhar dá vida às calçadas, às ruas, às pessoas. Em cada esquina uma nova paisagem, uma nova vida, uma nova cidade. Quem caminha pelas ruas de Florença se encanta com os seus palácios, museus, galerias, ruas e praças, se depara com uma paisagem maravilhosa, com retoques extras das belezas do Rio Arno, das pontes e das colinas verdes ao fundo.


Fonte: http://www.joaoleitao.com/viagens/2010/12/04/mapa-monumentos-florenca-italia/;
http://blogdamariazinha.wordpress.com/about/

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Reconversão em Congonhas - parte 2


Recentemente, começaram as obras de requalificação do Centro de Congonhas. Na Praça Presidente Juscelino Kubitschek, a rua próxima ás lojas se transformará em um calçadão. Serão usados materiais como pedra-sabão, madeira rosa e entulho de obras pra construção. O espaço deixará de ser uma passagem de transportes para ser um calçadão agradável e funcional para população, além de favorecer o comércio local.
 

A evolução natural e a modernização forçada na cidade

Toda cidade não planejada surge a partir de uma ocupação inicial. Por alguma razão - seja ela a busca por recursos naturais da região; a instalação de uma grande indústria; a existência de uma fazenda - certo número de pessoas é atraído a se mudar para determinado local. Para que este lugar seja habitado, no entanto, deve haver uma estrutura mínima de abastecimento e de suporte aos moradores. Estrutura que será ampliada e melhorada à medida que a população cresce e se desenvolve. Tudo isso num ritmo orgânico e, de certa forma, improvisado, já que o que move esse processo é a necessidade.
formação de uma cidade

Essa dinâmica de crescimento muda a partir do momento em que as autoridades locais decidem modificar o traçado e reorganizar a cidade.


Paris - Arco do Triunfo

Isso pode ocorrer de forma ampla, alterando a cidade por inteiro, como no exemplo de Paris. A cidade toda foi redesenhada; a circulação das pessoas passou a acontecer em função da circulação de veículos, que ocupavam as novas grandes avenidas - o que afeta mais do que o formato da cidade, neste momento é feita uma nova organização social. 
O modelo parisiense foi considerado um sucesso e copiado ao redor do mundo. Incluindo Belo Horizonte. A capital mineira foi planejada seguindo os padrões urbanos de Paris. A Avenida do Contorno cerca uma área geometricamente definida, com largas avenidas principais e ruas menemores que se cruzam com elas. No entanto, a cidade não permaneceu dentro da Contorno por muito tempo e, aos poucos, uma nova cidade ganhava forma sem que ninguém guiasse ou interrompesse a fim de obedecer aos padrões de urbanização iniciais. Atualmente as intervenções de planejamento em Belo Horizonte são feitas em menor escala, em determinadas áreas da cidade, para onde se deseja direcionar o crescimento.

 Projeto da Linha Verde - Belo Horizonte

O processo de reconversão urbana está intimamente ligado a essa aceleração e direcionamento do crescimento da cidade. Uma vez que as áreas vão sendo cada vez mais valorizadas e os usos antigos já não fazem mais sentido ou não suportam a pressão da especulação imobiliária.

Uma metrópole em mutação

Florença é uma cidade que passou por inúmeras transformações políticas, sociais e econômicas. Isso gerou mudanças na estética urbana.
A morfologia exterior da cidade sofreu alterações significativas ao longo de todo o Duecento. Até meados desse mesmo século a sua silhueta arquitetônica foi sendo redefinida pelo surgimento de cerca de 170 torres (Case Torri) que se ergueram, bem altas, sobre as casas das famílias mais abastadas. De caráter marcadamente defensivo, serviam como fortalezas regulares no interior da cidade durante as freqüentes e violentas lutas entre famílias aristocráticas que, assiduamente, guerreavam de torre para torre. Quando no ano de 1250 o Primo Popolo alcançou o poder, sob a direção dos responsáveis competentes, estes refúgios foram proibidos, tendo sido decretado que as torres seriam rebaixadas ate a altura máxima de 40 metros.
Paralelamente a estes trabalhos de demolição assistiu-se, em meados deste século, a uma explosão construtiva, iniciando-se então as obras das igrejas de Santa Maria Novella (1246) e de Santa Croce (c.1295), mas também as grandes obras municipais do Palazzo Del Podestà (Bargello, iniciando em 1255) e do Palazzo Vecchio (c.1300). No ano de 1294 iniciou-se também a edificação da catedral de Santa Maria Del Fiore depois de, em 1284, se ter já decidido sobre a construção da nova muralha da cidade. À grandiosidade de todos estes projetos arquitetônicos acrescia o fato de, no ano de 1300, o número de habitantes da cidade ter atingido os 100.000. Florença tornava-se assim, na virada para o século XIV, uma das cidades mais ricas do mundo cristão, sendo igualmente a maior do Ocidente. Ao papa Bonifácio VIII parecia então que aos quatro elementos (Água, Terra, Fogo e Ar) se deveria acrescentar agora um quinto – a cidade de Florença.

FONTE: WIRTZ, Rolf: Arte e Arquitectura - FLORENÇA. Editora Könemann

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Um pouco da história das cidades - parte 2

Firenze (Florença) município italiano, capital e maior cidade da região da Toscana.


Séculos de prosperidade...
A fundação da cidade de Florença data do período romano. Na época, a colônia romana desenvolveu-se graças a uma situação estratégica bastante privilegiada, próxima da afamada Via Cassia que estabelecia à ligação de Roma as regiões a norte. No século III, a cidade cresceu consideravelmente, transformando-se num importante centro mercantil. A decadência do Império Romano levou tempos agitados a Florença. Na verdade os tumultos associados às diferentes migrações dos povos germânicos trouxeram a cidade numerosos cercos e destruição.
Aos Godos e Bizantinos seguiram-se, naquele ano de 570, os Lombardos, que proporcionaram a esta cidade um interregno de paz que durou cerca de dois séculos. É, na verdade, no ano de 774, que Carlos Magno conquista a cidade de Florença, transformando-se numa parte do margraviato franco de Tuscia (Toscana), inicialmente governado a partir da cidade de Luca. A população aumentou rapidamente e, nesta altura, o comércio conheceu um novo impulso. Por fim, no ano de 854, Florença e Fiesole aliaram-se, constituindo assim um condado.
Durante o século XI Florença seria palco de reformas da Igreja, assim como do sempre crescente conflito entre autoridade papal e a imperial, que ficou para sempre conhecido como a Guerra das Investiduras.
Foi durante o governo da margravina Matilde (1046-1115), no ano de 1077, que Florença reconhecendo a autoridade papal, finalmente se separou do Império Germânico.
Durante o século XII seguiram-se inúmeras conquistas e a conseqüente submissão dos senhores feudais das regiões circundantes (condado). Em 1773 iniciou-se a construção da nova muralha da cidade, que abarcava pela primeira vez os territórios a sul do Arno. Na última metade do século XII começam, de fato, a fazer-se sentir os primeiros sinais sérios de desunião no interior da cidade de Florença. O aceso conflito entre o partido dos guelfos (os partidários do papa) e dos gibelinos (os partidários do Imperador) assombraria a historia da cidade ao longo de todo o século XIII. Os florentinos guelfos foram impiedosamente derrotados pelos gibelinos na batalha de Montaperti no desditoso ano de 1260, e a cidade atingiria o apogeu econômico no Duecento. Não é casual a imensa riqueza que a cidade consegue alcançar durante todo o século XII, baseando-se efetivamente no comércio, nas manufaturas e na produção de todos os tipos de tecido. Já no século XI os comerciantes começaram a importar lã do Norte da Europa e tintas do Mediterrâneo, bem como do Oriente. Na verdade, a produção de têxteis constituía, juntamente com a banca, um dos ramos econômicos de maior importância.
No ano de 1252 a cidade cunhou a sua primeira moeda de ouro, o chamado florim de ouro (Fiorini d’oro), que em breve se tornaria uma das moedas mais desejadas e mais estáveis de toda a Europa.
O desenvolvimento da cidade não prosseguiu, no entanto de forma tranqüila, tendo sido também marcado por bruscos contrastes durante todo o século XIV. De um lado mostrava a imensa riqueza artística e profunda atividade construtiva, mas durante o Trecento, Florença sofreu um grande número de vissitudes. A cidade viu-se assolada pela fome com uma regularidade cruel e , em 1333, foi também fustigada por cheias devastadoras. Contudo, a prova mais dura para seus habitantes foi à peste que, entre os anos de 1348 e 1349, assolou Florença. Além de todas essas catástrofes, aparentemente inevitáveis, associaram-se ainda as crises da própria cidade, derrotas militares, instituição bancária falidas, contínuas mudanças de poder, divergências políticas e inquietação social. Já no ano de 1382 se tinha formando na cidade um governo oligárquico, no seio do qual a família Albizzi assumiria o poder pleno. Na luta pela supremacia nas estruturas políticas da cidade esta família iria encontrar os seus rivais mais implacáveis nos Médicis. Giovanni de Averardo de Médicis (apelidade di Bicci) conseguiria consolidar a posição social e comercial da sua família no início do século XV. A partir do ano de 1413, os Médicis assumiriam o poder, tão lucrativo quanto proveitoso, de banqueiros oficiais do papa. Desta forma se estabeleceram as bases para a extraordinária ascensão desta dinastia que viria a dirigir a cidade de Florença, marcando o seu destino durante quase três séculos seguidos, excetuando unicamente alguns intervalos.
O período nomeado Quattrocento (século XV) foi marcado pelo renascimento, apogeu cultural, século do humanismo, cujas realizações científicas e filosófico-religiosas marcaram ate hoje a visão ocidental do mundo. A enumeração das personagens artísticas que viveram na Florença daquela época prossegue como Masaccio Brunelleschi, Donatello, Sandro Botticelli, Leonardo da Vinci até Michel Ângelo. Até os dias atuais as suas obras contam-se entre as criações mais famosas da história da arte.
Dos Médicis ao Resorgimento...
No ano de 1434, Cosme, o Velho, uma das personalidades mais importantes e fascinantes do seu tempo, assumiu o governo da cidade. Até a sua morte, em 1464, Cosme determinou o desenvolvimento político, social e cultural da cidade de Florença. O Velho transformou a cidade de Florença num centro de erudição humanista. Com o sucessor de Cosme, seu neto Lourenço (1449-1492), conhecido como O Magnífico, a Casa dos Médicis viveu os seus tempos mais gloriosos, já próximo do final do século. Contudo o filho de Lourenço, Piero, não teve a mesma sorte. Por não ter oposto a entrada do exército francês de Carlos VIII, Piero seria expulso da cidade com sua família, naquele ano de 1494.
Nos últimos anos do século XV, Girolamo Savoranola transformou-se no homem mais influente da cidade, mas seu imperturbável fanatismo levou-o a um conflito com o papa. Devido a sua radical atuação, o monge dominicano foi condenando e executado em 1498.
Depois da morte de Savoranola, Florença permaneceu primeiro sob o regime republicano liberal. Em 1502, Piero Soderini foi eleito governante vitalício da cidade pelo povo. Mas o cardeal Giovanni de Médicis, futuro papa Leão X, conseguiria retirar-lhe o poder possibilitando assim o regresso da sua família a Florença. Depois do saque de Roma pelas tropas de Carlos V os Médicis foram novamente expulsos da cidade, regressando apenas no ano de 1531. Para a cidade de Florença terminava o tempo de constituição republicana. Até 1537 a cidade viveu sob um regime aterrorizador imposto por Alexandre de Médicis, que abriu caminho para o futuro poder absolutista. Cosme, o seu sucessor de apenas 18 anos, nos seus 37 anos de reinado iniciou a atuação dos grão-duques, consolidou o poder com sucesso. Esses governaram Florença durante mais de duzentos anos, não conseguindo, contudo salvá-la da crescente decadência política, econômica e cultural do século XVII, na época da Guerra dos Trinta Anos e das crises mais violentas. Então, no ano de 1737 morre o ultimo descendente masculino da família dos Médicis, Gian Gastone, e o grão-ducato cai nas mãos dos Habsburgos-Lorena, sob cujo governo foram realizadas reformas de grande envergadura, que tiveram o mérito de modernizar a economia e o comércio, a sociedade e a justiça. No ano de 1799, a ocupação francesa obrigou os duques austríacos a abandonar a cidade de Florença e o interregno francês durou até o ano de 1815 e terminou depois do Congresso de Viena. Pouco tempo depois, com a revolução de 1848 e as guerras da Independência Italiana, os Habsburgos-Lorena vêem-se expostos a uma crescente pressão. E, finalmente em 1861 a unidade nacional (Risorgimento) é alcançada.
E nos tempos atuais...
As duas guerras mundiais e o terror do fascismo marcaram a cidade de Florença durante a primeira metade do século XX. Benedito Mussolini encontrou na metrópole do Arno duas facções, tanto partidários entusiásticos das suas idéias como implacáveis inimigos, que transformaram a cidade num verdadeiro centro da Resistência italiana. Até o ano de 1943, Florença foi felizmente pouco afetada pela destruição provocada pelas grandes guerras. Os piores estragos fizeram-se sentir, porém, no ano de 1944, as tropas de ocupação alemãs bombardearam todas as pontes sobre o Arno.
Depois de difíceis anos pós guerra, Florença transformou-se numa moderna metrópole de prestação de serviço que, como capital da Toscana, abrigava inúmeros serviços públicos, assumindo também um importante papel como cidade universal e de congresso, centro de moda e centro comercial. A cidade deve à admiração mundial a incomparável riqueza das suas obras artísticas. Tornou-se por isso um centro turístico atraindo milhares de visitantes. A sua imensa herança cultural não é apenas uma bênção; atribui-se-lhe também uma importante responsabilidade na conservação e na proteção de obras e monumentos artísticos.

FONTE: WIRTZ, Rolf: Arte e Arquitectura - FLORENÇA. Editora Könemann

Reconversão em Congonhas - parte 1


Beco dos Canudos, antiga pousada dos romeiros.  

Hoje, um mercado de artesanato.
Congonhas é um dos maiores centros de Romarias de Minas Gerais. Antigamente não havia como hospedar os Romeiros. No início da década de 30 foi construída a Romaria (conjunto de habitação destinado a abrigar estes Romeiros). Essas construções germinadas compõem o Beco dos Canudos. Passado o uso inicial , as casas passaram a ter outros fins (Residências, repúblicas de estudantes).Hoje, é um mercado de artesanato.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Reconversão em Florença – Parte 1

O Palácio Pitti (Palazzo Pitti) é um grande palácio renascentista de Florença. Está situado na margem direita do rio Arno, a muito pouca distância da Ponte Vecchio. O aspecto atual do palácio data do século XVII, tendo sido originariamente (1458) projetado por Brunelleschi, ou pelo seu aprendiz Luca Fancelli, como residência urbana de Luca Pitti, um banqueiro florentino.
Agressivo e robusto este palácio criou um novo estilo palaciano renascentista. O Palácio Pitti, como protótipo do estilo palaciano renascentista, prescinde, evidentemente, da torre defensiva, típica nas casas senhoriais da Idade Média.
Foi ampliado consideravelmente no século XVI, por Bartolomeo Ammannati que, converteu um palácio inacabado num complexo palácio dividido em três alas. Porém, na primeira metade do século XVII, Giulio e Afonso Parigi encarregaram-se de ampliar o palácio novamente, mas desta feita, somente na parte frontal. Esta foi também a última ampliação do palácio.
No século XIX, o palácio foi usado como base militar por Napoleão Bonaparte, e de seguida serviu por um curto período de tempo como residência oficial dos reis da Itália. No início do século XX, o Palácio Pitti, juntamente com o seu conteúdo, foi doado ao povo italiano e por esse motivo, as suas portas foram abertas ao público e converteu-se numa das maiores galerias de arte de Florença.

Video com imagens do Palácio Pitti:
http://www.youtube.com/watch?v=-7uTOekWaZs


Mapa do Palácio Pitti em Florença:
Fonte: http://pt.wikipedia.org; Wikipédia Enciclopédia Livre

Por: Elizane Reis