Editoria de Arte/Folhapress |
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terça-feira, 30 de agosto de 2011
Passado invade o presente
Londres e Paris no século XIX
De acordo com o texto de Maria Stella Bresciani, LONDRES E PARIS NO SÉCULO XIX, a multidão presente nas grandes cidades de hoje está ligada às pessoas se deslocando para desempenhar seu papel no espetáculo da vida cotidiana. É necessário ter o olhar apurado para entender o espaço, as instituições, leis, mecanismos de gestão que levam a comunidade a agir de certo modo na época atual, com toda a multiplicidade de tempos e processos sócio-espaciais manifestados nas grandes cidades.
O acaso é a incerteza do que se pode acontecer e encontrar nas ruas desses centros urbanos. Paris na metade do século XIX configura um espetáculo diurno, em que a multidão trabalhadora forma uma predominante cena urbana. Os personagens da noite são outros, de criminosos até prostitutas à noite na metrópole francesa tornam o acaso temeroso e assustador.
“Viver numa grande cidade implica o reconhecimento de múltiplos sinais. Trata-se de uma atividade do olhar, de uma identificação visual, de um saber adquirido, portanto.” (pag.16)
Londres na metade do século XIX, com dois e meio milhões de habitantes, se mostrava promiscua, diversa e agressiva. Configura-se o fascínio e o medo de uma cidade que pode oferecer diversão e/ou pouca ou nenhuma compaixão. Poucos dias na cidade bastam para perceber o que o crescimento urbano na sociedade londrina causou efeitos devastadores. A indiferença brutal e o isolamento de cada cidadão voltado aos seus interesses estão resultando em guerras sociais abertamente declaradas.
Os bairros ricos de Londres caracterizam-se pela sua centralidade, com ruas largas e bem iluminadas, freqüentadas pela alta sociedade londrina. Já nos bairros pobres se encontram massas de casas de três a quatro andares, construídas sem planejamento, em ruas estreitas, sinuosas e sujas, abrigando parte da população operária. As péssimas condições de moradia e a superpopulação são as duas principais anotações sobre os bairros operários londrinos, levando a uma ameaça social, já que o investimento econômico em melhorias nas condições de vida para esses cidadãos é pequeno. O operário londrino ao tomar consciência da sua situação, e ainda competindo no mercado de trabalho em condições desvantajosas com o imigrante, tende a protestar.
O espantoso crescimento populacional da cidade de Londres não foi acompanhado por um crescimento equivalente das oportunidades de trabalho. A Revolução Industrial trouxe várias transformações no padrão de produção, qualificação de trabalho e mudanças nas cobranças e formas de trabalho. Uma instabilidade no mercado de trabalho acentuou a exploração dos trabalhadores forçando-os a residir nas proximidades do centro para a busca de trabalhos ocasionais extras. Essa superpopulação centralizada, que leva ao deslocamento de bairros, é causa, principalmente, da falta de transporte barato e eficiente, trazendo a essas áreas péssimas condições sanitárias das moradias. O alto nível de desemprego persiste e os desempregados organizados ocasionam tumultos. Londres vai se tornando, portanto, o símbolo das más conseqüências da vida urbana e da industrialização. Nela podem se acomodar desde mendigos ate os esbanjadores de dinheiro.
Assim, Londres se torna o símbolo do resíduo social, onde se encontram os homens que estão “fora da sociedade”.
A população de Londres duplicou entre 1821 e 1851, isso fez com que o espetáculo das ruas tomasse proporções assustadoras. A pobreza escancarada mostra uma assustadora realidade. Na época, homens trabalhadores, pobres e criminosos constituem níveis de uma mesma condição humana. As condições dos operários eram realmente precárias, viviam na incerteza de um salário e isso chamava atenção dos habitantes que reparavam na cena urbana das grandes cidades, como Londres e Paris. Entre os ingleses se computa o custo econômico da miséria, já entres os franceses a preocupação fica na ameaça do que miséria pode causar nas as instituições políticas. Se a política tivesse previsto que, no dia em que a massa dos miseráveis estivesse mais forte do que aquela dos ricos, a sociedade iria se reorganizar de forma diferente, privilegiando a massa que comanda a sociedade urbana, no caso, a classe operária.
A França do século XIX se orgulha da multidão organizada na escala local e só a imagem de algumas jornadas revolucionárias geram temor, já que essas causariam uma desorganização da civilização.
Era possível perceber a asfixia ocasionada pelo ar muito carregado de insatisfação e, isso, introduzia a certeza de que um movimento revolucionário estaria para acontecer.
O que dirige uma sociedade urbana é a questão social e um movimento revolucionário propunha alcançar a Liberdade, Igualdade e Fraternidade, idéia imposta pela Revolução Francesa que, hoje, entende-se que seu acontecimento foi uma necessidade histórica.
A compaixão foi o novo sentimento determinante para o sucesso da revolução e para compreender a mudança na própria concepção do povo, inclusão dos pobres, agora, era um dever político plenamente racional e devia-se formar uma comunhão de interesses para a formação dos novos ideais políticos. Assim, a política passa a ter um compromisso com o povo, sujeito único de sua legitimidade, prevalecendo à vontade geral.
Nisso se contrasta as transformações urbanas e caracteriza a reconversão na época. Estudando e entendendo o desenvolvimento da sociedade ao longo dos anos pode-se compreender que o território projeta aquilo que o social define a ele. Isso é imposto pelas condições históricas do momento, o qual determina o poder absoluto que transforma a comunidade de acordo com aquilo que acredita. Além do mais, manifestações culturais, serviços religiosos, monumentos, trocas no mercado, o amparo e o suporte das vidas cotidianas também são fatores que determinam como um espaço irá se transformar.
O fator histórico determinante para essas mudanças no século XIX foi a Revolução Industrial, que exigiu a construção de indústrias e a mudança no planejamento das cidades, já que a população urbana aumentava cada vez mais e era necessário o investimento em maior infra-estrutura para acompanhar o desenvolvimento urbano. O grande problema foi que a proporção dos acontecimentos em tão pouco tempo não foi acompanhando pelas políticas de transformação das cidades e muitas pessoas, classes pobres, não acompanharam as mudanças. Essas classes são predominantes em número, então elas são os principais personagens que irão determinar o rumo das mudanças urbanas. Como o planejamento urbano não releva isso e não cria maior infra-estrutura para atender as necessidades da população, esta cria o próprio espaço, mesmo que de maneira desorganizada.
A multiplicidade de tempos e processos sócio-espaciais manifestados no entorno das cidades determina a necessidade de certas reconversões que podem ser seguidas ou não.
Por Ana Claudia Irffi e Carla Moreira
FONTE: BRESCIANI, Maria Stella. Londres e Paris no Século XIX, o espetáculo da pobreza. Editora: Brasiliense
Giulio Argan - arquitetura e sociedade
Contudo, nas palavras de Argan, a prova de que o objetivo dos arquitetos italianos foi alcançado, é justamente a dificuldade em identificar arquitetura moderna na Itália, de fato. A nacionalização foi superada pela internacionalização e, assim, o que se pode ver hoje é apenas a atualidade.
ARGAN, Giulio Carlo. Projeto e Destino. São Paulo, Ática, 2000. Título original: Proggeto e Destino. Tradução: Marcos Bagno.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Desde sempre e até quando? – Parte 2
A segunda cidade em estudo e análise é Florença, localizada na região da Toscana, Itália. Uma cidade muito conhecida e visitada por causa de seus inúmeros e maravilhosos museus e jardins que contam diversas histórias das fases já vividas na Toscana e mesmo na Itália.
“(...) o espaço da cidade tornou-se tanto um produto para ser usado e consumido, como também um meio de produção.” (Rita Velloso)
“(...) dentro da produção capitalista de mercadorias todo e qualquer objeto arquitetônico é um dos resultados dos processos de valorização do capital.” (Rita Velloso)
“A cidade é espaço da história (...)” (Rita Velloso)
Seus inúmeros museus são uma das principais fontes que mantêm viva toda a cultura da cidade/sociedade. São diversos prédios tombados e reformados a fim de manter a história e serem usados como um produto a se consumir, um meio de produção não só de dinheiro, mas valores arquitetônicos que demonstram o valor da cidade.
“(...) incapacidade de compreender o ambiente construído, em contínua transformação, à sua volta “Ser absolutamente moderno tornou-se uma lei especial proclamada pelo tirano””. (Rita Velloso)
Os séculos se passam e a arquitetura se renova, a sociedade evolui, e tudo tende a se modernizar. Não ser moderno, não conhecer a modernidade é algo, hoje, inaceitável perante a sociedade. Lei de tiranos, lei da sociedade.
Por: Elizane Reis através do texto “Espetáculo: Não ótica, mas arquitetura do poder” de Rita Velloso.
Reconversão em Florença – Parte 3
domingo, 28 de agosto de 2011
Desde sempre e até quando? – Parte 1
Reconversão em Florença - parte 2
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http://www.joaoleitao.com/viagens
Florença
- Florença é a capital da Toscana e também conhecida como o berço do renascimento na Itália. Parecendo um verdadeiro museu a céu aberto, possui presença marcada por gênios das artes, como Michelangelo, Donatello, Leonardo da Vinci e Boticcelli, além de Nicolau Maquiavel e Dante Alighieri no campo literário.
- Devido à crescente população de jovens estudantes, a cidade florentina ganhou brilho contemporâneo. Isso se refletiu em novas lojas, restaurantes, bares, locais públicos reformados e dando novos usos aos locais dessa bela cidade. Firenze, assim chamada pelos italianos , tem se revitalizado, sem perder o charme do passado.
Maria José Vellozo Lucas.